Três semanas depois, ela seria batida pela Escócia por 2 a 1 no Celtic Park, em Glasgow, cedendo a taça ao velho rival do norte. Inglaterra 1 x 2 Gales St. James’ Park (Newcastle), Campeonato Britânico, 15 de novembro de 1933 Os galeses só voltariam a derrotar os ingleses em março de 1920, com um 2 a 1 em Highbury no primeiro confronto após o fim da Primeira Guerra Mundial. O período do entreguerras, aliás, foi especial para a seleção galesa, que obteve entre 1920 e 1938 nada menos que oito de suas 14 vitórias na história dos embates e levou seis de suas sete taças isoladas do Campeonato Britânico (a outra havia sido conquistada em 1907).
Mas pararam por aí: do quinto confronto em diante, em 1883, proliferaram goleadas de quatro, cinco, seis gols a favor da Inglaterra, que não voltaria a perder de Gales até o fim da Primeira Guerra. No meio dessa incrível sequência invicta dos ingleses que durou 32 partidas, aconteceu a maior goleada da história do confronto – e bem mais expressiva que os habituais quatro, cinco ou seis a zero de jogos anteriores. Além disso, para o desespero dos galeses, ela aconteceu em Cardiff. Naquele tempo, a seleção inglesa ainda mesclava jogadores dos clubes profissionais da Football League (criada em 1888) a atletas de equipes amadoras (como o Corinthians) e times estudantis, como o da Oxford University e o Old Westminsters. Mas o destaque da partida seria mesmo um profissional: Steve Bloomer, meia-direita do Derby County e o segundo maior artilheiro da primeira divisão inglesa na história.
Inglaterra 0 x 0 Gales Wembley (Londres), Campeonato Britânico, 23 de maio de 1979 Laurie Cunningham com agasalho da seleção inglesa em 1979 Filho de jamaicanos nascido em Londres, Laurie Cunningham foi um ponta de grande habilidade revelado pelo Leyton Orient e que chegou ao West Bromwich Albion em março de 1977. Um mês depois se tornaria o primeiro negro a defender a seleção sub-21 da Inglaterra. E em novembro de 1978, enquanto Viv Anderson, lateral do Nottingham Forest, conquistava essa primazia pela seleção principal, Cunningham debutava na Inglaterra B. Mas sua rápida evolução e o destaque que alcançou no clube logo o levariam à equipe A. A estreia viria num não muito marcante empate sem gols contra Gales pelo Campeonato Britânico de 1978/79.
Já os ingleses só conservavam três titulares (o goleiro Henry Hibbs, o zagueiro Eddie Hapgood e o ponta-esquerda Eric Brook) e promoviam nada menos do que seis estreias. Entre elas a de Matthews, jovem ponta-direita do Stoke City de 19 anos. Que, não satisfeito, quebrou naquele dia o recorde de jogador mais jovem a marcar numa estreia pela Inglaterra (e que já durava 51 anos). Seu gol, o terceiro inglês, anotado no segundo tempo pouco depois de os galeses perderem um pênalti, foi assim descrito pelo jornal londrino The Times: “[o meia Ray] Bowden passou a Matthews, que encontrou um espaço de maneira muito inteligente e seu chute bateu completamente [o goleiro galês Ronald] John”.
Nas duas primeiras das Copas e na primeira da Euro, as duas competições se misturaram, com os jogos de um valendo também pelo outro (em 1968, foram usadas duas edições do Campeonato Britânico como turno e returno do grupo eliminatório). Dos dez confrontos, os ingleses venceram nove, empatando só um – que, no entanto, teve consequências amargas. O Grupo 5 das Eliminatórias europeias para a Copa do Mundo de 1974 era um triangular incluindo a Polônia, além de Inglaterra e Gales.
Gales 4 x 1 Inglaterra Racecourse Ground (Wrexham), Campeonato Britânico, 17 de maio de 1980 Inglaterra e Gales em 1980 A maior goleada dos galeses (e sua única vitória por mais de dois gols de diferença) no confronto demorou quase um século para acontecer, mas veio em grande estilo. A Inglaterra se preparava para disputar a Eurocopa na Itália no mês seguinte e vinha de duas grandes vitórias: 2 a 0 sobre a Espanha no Camp Nou e – quatro dias antes de enfrentar Gales – um categórico 3 a 1 na campeã mundial Argentina, reforçada por um jovem Diego Maradona, em Wembley. Mas não conseguiu segurar o ímpeto dos galeses em Wrexham. A equipe de Ron Greenwood até saiu na frente aos 16 minutos, num chute de Peter Barnes que Paul Mariner desviou para as redes.
E teve início com os dois duelos entre os vizinhos. O primeiro em Cardiff, no Ninian Park, marcou a estreia de Ray Clemence e Kevin Keegan na seleção e ainda o 100º jogo do técnico Alf Ramsey à frente da equipe. E terminou numa difícil, mas importante vitória inglesa por 1 a 0, gol de Colin Bell no primeiro tempo.
Dez confrontos marcantes entre Inglaterra e Gales através de sua história mais que centenáriaRealizado pela primeira vez em janeiro de 1879, o confronto entre Inglaterra e Gales é o terceiro mais antigo da história do futebol de seleções, só atrás de outros dois duelos britânicos: Inglaterra x Escócia (desde 1872) e Escócia x Gales (desde 1876). E apesar de os ingleses terem construído vantagem bastante ampla no retrospecto (68 vitórias contra apenas 14 galesas e 21 empates em 103 jogos), ao longo do tempo as partidas renderam inúmeras boas histórias para ambos os lados desta rivalidade.
E uma delas, referente à temporada 1933/34, foi sacramentada ao derrotar exatamente a Inglaterra. O maior responsável pelos grandes feitos era uma figura lendária do futebol galês: Ted Robbins, secretário da federação, integrante do comitê selecionador, advogado de profissão e um exímio motivador. Naquela edição, Gales iniciou sua campanha vencendo a Escócia por 3 a 2 em Cardiff e em seguida empatou com a Irlanda do Norte em Belfast por 1 a 1. Somando os mesmos três pontos dos irlandeses, que já haviam feito seus três jogos, os galeses precisavam de uma vitória sobre a Inglaterra em Newcastle para levarem a taça. E os visitantes saíram na frente no primeiro tempo com gol de Tommy Mills (jogador do Clapton Orient, atual Leyton Orient, então na terceira divisão inglesa).
Na etapa final, o ponta-esquerda Eric Brook, do Manchester City, escorou cruzamento e empatou para os mandantes. Mas a oito minutos do fim, o centroavante Dai Astley desviou de cabeça uma cobrança de falta e marcou o gol da vitória e do título de Gales – transformando em mero amistoso o clássico entre Inglaterra e Escócia que fecharia a tabela em abril do ano seguinte. Gales 0 x 4 Inglaterra Ninian Park (Cardiff), Campeonato Britânico, 29 de setembro de 1934 Stanley Matthews, da Inglaterra Naturalmente, a assiduidade dos jogos entre Inglaterra e Gales acabou fazendo com que um sem-número de jogadores estreassem na seleção inglesa numa dessas partidas. Foi o caso de gigantes do futebol do país, como William “Dixie” Dean (em 1927), Tommy Lawton (1938) e Kevin Keegan (1972), e de nomes com extensa carreira defendendo os Three Lions, como Kenny Sansom (85 jogos), Ray Clemence (60), Phil Neal (49) e Mark Wright (40).
Dono de um poderoso chute rasteiro, ele balançou as redes cinco vezes na goleada inglesa por 9 a 1 – dois gols na etapa inicial, na qual os ingleses abriram 5 a 0, e três na final. A contagem foi completada por dois tentos de Gilbert Smith, um de William Bassett e outro de John Goodall (parceiro de ataque de Bloomer no Derby), com Tom Chapman diminuindo para os galeses. Mesmo com a goleada, nem todos os jogadores ingleses puderam celebrar: antes do início do jogo, o centromédio Thomas Crawshaw havia recebido a notícia da morte de seu filho mais novo. E a vitória elástica, no fim das contas, não foi o suficiente para que a Inglaterra levantasse o título britânico daquele ano.
Gales x Inglaterra: onde assistir ao vivo na TV, horário - 90min
Nervosa, a equipe de Alf Ramsey saiu atrás num gol de contra-ataque de Jan Domarski e ainda chegou ao empate num pênalti convertido por Allan Clarke. Mas, de resto, parou nas defesas espetaculares do goleiro Jan Tomaszewski e ficou fora da Copa. Gales 1 x 2 Inglaterra Racecourse Ground (Wrexham), amistoso, 24 de março de 1976 Entre 1884 e 2016, Inglaterra e Gales se enfrentaram 97 vezes e só uma dessas partidas não valeu por alguma competição.
Até aquela tarde de 31 de maio, em que conquistaram uma vitória histórica não apenas por ter sido a primeira no lendário estádio, mas também por ter sido a única lá até hoje. O gol da vitória (a primeira em solo inglês desde 1936) nasceu numa hesitação da defesa do time da casa, que resultou num pênalti do goleiro Peter Shilton no ponta-esquerda Leighton James. O próprio James bateu e converteu. No segundo tempo os ingleses reclamariam de uma penalidade não marcada em lance semelhante, num choque entre o atacante Stuart Pearson e o goleiro Dai Davies após um recuo errado. A vitória galesa, porém, foi justa e complicou a situação do técnico inglês Don Revie, que se demitiria semanas depois.
Mas naquele dia, Cunningham fazia história mais uma vez: era o primeiro negro a atuar pela Inglaterra em jogo de competição. Um mês depois, o Real Madrid pagaria quase um milhão de libras por ele. Na Espanha, seu início brilhante logo deu lugar a inúmeras lesões, que o impediriam de concretizar a promessa anunciada e tiraram sua vaga na seleção depois de apenas seis partidas, a última delas em outubro de 1980. Mas seu lugar de referência para gerações inteiras de atletas negros no futebol inglês nunca seria perdido, nem mesmo com sua morte precoce em julho de 1989, aos 33 anos, num acidente de carro em Madri, onde defendia o Rayo Vallecano.
O duelo de 24 de março de 1976 em Wrexham, porém, não se tratava de um amistoso trivial: fazia parte das comemorações do centenário de fundação da Football Association of Wales, a federação galesa. E a Inglaterra do técnico Don Revie, com uma equipe experimental repleta de estreantes (seis dos titulares mais os dois substitutos), seria a convidada que estragou a festa, vencendo por 2 a 1. Os dois gols ingleses seriam marcados por estreantes: o meia Ray Kennedy, do Liverpool, abriu a contagem aos 25 minutos do segundo tempo e Peter Taylor, atacante do Crystal Palace, ampliou aos 35.
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